Visita do Prof. Walter Kohan. Fotos ASCOM por Dayana Soares
Em um momento em que as atividades acadêmicas na universidade pública continuam online pela falta de uma política séria de vacinação e cuidado da população, o Prof. Walter Kohan, sai de viagem, com a pedagogia filosoficamente menina da pergunta, à busca de encontros que ajudem a problematizar o mundo e a forma em que o habitamos. Educar e educar-se exigem sair do lugar. É uma viagem de formação, de outras e outros, e também de autoformação, de ensinagens e aprendimentos. Uma viagem menina e errantemente inventiva, no sentido de criadora de caminhos, mas também uma viagem de hospitalidades, cheiros, e a-braços.
No mês de agosto, o prof. Walter saiu de carro, desde Rio de Janeiro, passando por Espírito Santo, para entrar na Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão... viajando com perguntas à espera de encontros, rodas de conversa... fazendo exercícios de filosofia e infância, em trânsito com o pé na estrada, as mãos nas perguntas e o coração no mundo... com-versando com crianças e adultos, pessoas de todas as idades, dispostas a experimentar uma infância no pensamento... pelo gosto de pensarmos juntos o mundo que vivemos e o que poderíamos viver.
Recebê-lo em Icapuí, foi um presente cheio de expectativas e compromissos agendados com muitos parceiros e parceiras da Educação. Se ele pretendia encontros, diálogos e ensinagens-aprendimentos, comemorando os 100 anos do nascimento do mestre Paulo Feire, a responsabilidade era muito grande! A educação em Icapuí, iniciada nos Círculos de Cultura freireanos, teria valiosos saberes para trocar com esse "educador errante" que trazia muitas perguntas e nenhuma resposta. Buscamos, então, envolver a educação formal e a não formal, a partir da Secretaria Municipal de Educação e as escolas e CEI, os grupos de teatro, músicos, Jovens Cientistas e Projeto Manati (Aquasis), Agentes Jovens Ambientais (SEMA-CE), Jovens de Olho no Futuro (FBC), artistas e educadores populares, como Josué, o pescador de memórias, Augusto Jerônimo, Ray Lima e Pe. Lopes, André e Arimatéia, comunidade de assentados, buscando a pluralidade e as possibilidades das perguntas acontecerem.
E como ficamos hábeis em perguntas, deixo aqui as minhas: É possível aprender apenas com perguntas? É possível ensinar só com perguntas? Qual a importância das perguntas? Vocês têm alguma pergunta para fazer?
E, nesta viagem inquiridora, da pedagogia filosófica da menina das perguntas, deixo no ar, para que os leitores pensem em boas perguntas sobre tudo o que aqui foi dito. E que a criança curiosa e "perguntadeira" que ainda existe em cada um de nós, nunca perca a curiosidade de perguntar "mas, por que?"
Prof. Dr. Walter Omar Kohan, Núcleo de Estudos de Filosofias e Infâncias (NEFI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).